domingo, 9 de outubro de 2011

De volta ao passado


Este texto já é um pouco antigo mas nunca cheguei a publicar, acho que vale a pena embora esteja desactualizado, é o único que me consegue fazer chorar sempre que o leio. Pode não ser o meu melhor texto para alguns mas foi o que mais trabalho me deu por isso acho que merece estar cá, trata-se da minha história com a minha ex-namorada, pelo menos dos momentos mais marcantes e tudo o que aí está tem sua razão, algumas coisas podem vos parecer estranhas e parvas mas para mim e para ela fazem ou fizeram sentido noutros tempos. Para mim é o meu melhor texto, feito para a pessoa de quem mais gostei até hoje e que me fez dar valor a cada segundo que passamos juntos, cada momento foi especial e nunca me esqueci. Hoje podes já não falar comigo, mas não faz mal, tive que aprender a viver sem ti, custou um pouco mas teve que ser. Já agora o texto está sem cortes, daí a parte final, quem tiver paciência pode ler, porque ainda é bem grandinho. 


O alarme está a tocar já são horas de acordar, uma luz entra pela janela o sol já está espreitar. Vá vamos lá levantar, 1,2,3, uma perna de cada vez, agora um último esforço e já estás duro que nem um osso. 
Vá para a banheira, despacha-te que não temos a vida inteira, já estou à farto de esperar, para de ao espelho te olhar. 
E agora o pequeno almoço, vai preparar a comida porque daqui a nada estás de partida. 
Pronto para ir? Epah não acredito que te deixas-te dormir. Acorda!
Isso, agora vai lavar os dentes para não me chatear, porque só temos até o dia terminar. 
Pronto? Lembra-te, desde de o dia nascer até ao anoitecer, vou-te levar ao passado para que consigas ver o que ainda tens memorizado. Tens a certeza do que estás a fazer? Se quiseres parar basta dizer, nunca se sabe que com o que  possas vir a ver venhas ainda a mais sofrer. Vamos lá então, agarra-te à minha mão e deixa-te levar, sente o tempo a passar e os meses a contar. 
Aqui estamos nós de volta ao passado, há 2 meses atrás, agora encontra quem sempre esteve a teu lado para onde for que vás. 
-É ela.
-Tens a certeza?
-Sim, tão formosa e tão bela, só pode ser.
-Realmente é algo bonito de se ver.
-É linda de morrer.
-Vai lá ter.
-Posso? 
-Sim é o teu passado, quando precisares de algo chama-me, eu estarei em qualquer lado. 
Ela ali estava ao relento, cabelos loiros que cintilavam com o passar do vento, reflectiam um ouro dourado, nada que pudesse ser comparado ou muito menos igualado. Olhos que pareciam mel, derretia-me só de olhar, tão doces que até custava acreditar. Era pena os óculos estarem a tapar tamanha beleza que não se pode igualar, por isso pedi-te com gentileza que da próxima vez os pudesses tirar. Um rosto esculpido com tanta perfeição, cada milímetro ao pormenor modelado, um trabalho que vai alem da imaginação e que deixa qualquer um apaixonado.
 Lembro-me bem deste dia, o primeiro em que te vi, como que por magia tu estavas ali. Fomos dar uma volta e acabámos sentados debaixo de uma figueira, contar piadas e medos, foi rir a tarde inteira. 
-Olha um pássaro a voar.
-Onde?! 
-Não te preocupes que irei sempre aqui estar para te acalmar, sempre que algo te assustar terás sempre o meu ombro para te agarrar. Sim, não me voltes a largar.
-AI! Está ali um cão!
-Se quiseres dá-me a mão. 
-Importas-te?
-Não, meu coração.
E nós ali andávamos a vaguear, íamos a todo o lado, demos voltas e voltas sem parar.
 E agora estávamos perdidos na escuridão, era de noite, tão silenciosa que dava para ouvir o bater do coração. A lua brilhava e iluminava qualquer um que ali se encontrava, uma noite perfeita, mais do que eu alguma vez imaginava e sem mais dúvidas, eu sabia que tu eras a eleita.
Por muito parvo que fosse tinha a sua piada, eras tão perfeita, não te faltava mesmo nada. 
Outra recordação e esta qual será? Estou sozinho com o telemóvel na mão a perguntar-me onde ela estará. Sim é isso, já estou a ver, é aquele dia em que o meu coração começou a bater. Estamos em Faro, lembro-me tão bem, estava eu ali com cara de quem queria avançar mas a vergonha só me obrigava a parar. Sim é mesmo este o dia, o dia em que tudo começou e a minha fase de solidão acabou. 
Primeiro fomos almoçar, não foi  nenhum restaurante de 5 estrelas, mas o que interessa não é o lugar, mas sim tu, a única pessoa com quem eu queria estar. Andámos  à deriva, não sei como ainda estavas viva com tanto que andamos, lá para as ruas passeamos até que encontramos um lugar, sim, o lugar perfeito para sentar e finalmente descansar.
Um banco num "jardim", mas isso pouco importava para mim, conversamos  durante horas, deitei-me e sem mais demoras fiz das tuas pernas uma almofada, havia muito barulho, mas isso pouco incomodava. Umas fotos para lá tirámos e ainda outras coisas visionámos. Lembro-me do que escreveste, que nunca me esquecerias, e na altura era mesmo isso que tu querias. Depois não me deixavas ver, tive que te chatear tanto até que lá me deixaste ler. Era lindo e maravilhoso, algo pequeno, mas grandioso. 
Estava tudo tão perfeito, à anos que nada me corria assim tão direito. 
Finalmente fomos embora, fomos apanhar o autocarro e por lá ficamos e aguardamos.
Chegando à tua casa ainda fomos passear, durante todo o caminho tinha uma coisa para te dar mas não conseguia avançar. Era agora ou nunca, era este o momento certo para avançar, era esta a altura em que te teria de beijar. O tempo parou e de um momento para o outro tudo mudou, tudo estava diferente e eu estava tão contente, uma felicidade tal como nunca outrora tinha sentido igual. Aquele acto deu sentido à minha vida e fez-me perceber que talvez não fosse tudo uma causa perdida. Quem me dera ficar eternamente parado no tempo, fazer aquele momento durar, congelar e para sempre assim ficar, junto de ti, agarrar-te assim e ter-te eternamente perto de mim. Um acto de um segundo mudou por completo o meu mundo, deixaste-me mudo sem saber o que dizer, sem duvida, eu era o tipo mais sortudo que alguma vez iria haver. Era tanta a vontade de amar, perdia-me no espaço e no tempo, era contigo que queria para sempre ficar, e ainda quero, há certas altura em que ainda desespero e ainda sonho com dia em que o presente se tornará neste passado e estaremos novamente lado a lado.
Outra memória, qual será esta história. Estou sozinho seguindo o meu próprio caminho. Espera, agora estou a acordar e comecei-me a arranjar. Não estou vestido para arrasar, tenho a mochila no chão, chinelos nos pés e toalha na mão. Agora vou sair, talvez vá espairecer, talvez para me redimir, vamos ver o que vai agora acontecer. Estou a caminho, mas para onde, ainda por cima a pé, calma, vou para a casa do meu vizinho. 
NÃO! Poderá mesmo ser? É sem dúvida, o dia em que dei tudo a perder. Não, eu não quero ver esta recordação, temo o que vai vir a acontecer, aqui foi quando deixei de viver. Um dia de praia normal, de inicio, parecia ser algo natural, até que de repente senti-me a cair num precipício. 
-Hey anjo!! Tira-me desta recordação, por favor, esta não.
Gritei e gritei e nada aconteceu, o anjo não apareceu e eu ali fiquei. Estava a ser mais que torturado pelo meu próprio passado, era uma dor enorme, sentia-me mais que magoado.  
Já estamos no barco, agora esta é a parte em que fico calado, durante uma hora sem nada dizer, mas que raio fui eu fazer. Eu não devia estar a pensar, para a próxima preocupo-me com o que a minha atitude vai causar, antes de fazer alguma asneira que me faça arrepender para a vida inteira. Agora fui para dentro de água pedir-te para me desculpar, tu não me querias mesmo perdoar. Passado alguma tempo lá vieste ter comigo, já tinha saudades de estar contigo. Por último disseste que tinhas algo para me dar, eu tinha a certeza do que era mas não quis acreditar. A seguir veio aquilo que tudo mudou, a parte em que tudo o que pouco tempo durou viria a acabar, dor, sofrimento, faltava pouco para chorar. Não, isto não quero recordar, nunca mais, custa-me tanto acreditar no que isto iria dar, por favor, peço por tudo, tira-me desta dor. 
-Eu avisei-te que poderias não gostar!
-Mas eu estou a amar! Mas não esta parte que só me está a tortarar!
-Mas faz parte da tua recordação, não há volta a dar.
-Leva-me para outra então, mas mais feliz, uma onde tenho aquilo que sempre quiz.
-Não posso, vais ter que esperar e arranjar forças para aguentar. 
E depois de uma curta conversa tudo aquilo que mal começou, acabou. Tudo o que tinha, terminou. Passei todo o meu tempo a arranjar desculpas e a suplicar por uma oportunidade, o que com muita sinceridade, me devias dar. 
E tu foste embora, viraste-me as costas e andaste pela estrada fora.
Passei por ti de cabeça erguida, como se a vida fosse para ser seguida... Que ilusão, tu nunca vais abandonar o meu coração, chorei e chorei, e fui tão parvo que mesmo assim continuei. 
Passado dois dias com ela me encontrei, sim a pior coisa que fiz, ainda tentei. Por um perdão implorei, por uma oportunidade supliquei, mas foi tudo em vão, apenas piorei a situação. Tenho a culpa todo o dia em cima de mim, nada do que queria era estar assim, eu amo-te e sempre te amarei,  sempre aqui estarei.  
Esta foi a última vez em que falámos pessoalmente, a última grande oportunidade que tive para mudar o que vai naquela mente. Voltámo-nos a ver, já que o destino não o quis, eu fiz o que tinha a fazer, e fui-te procurar, aquele dia na praia, eu sabia que ias estar naquele lugar. 
Aqui está essa memória, mal te consegui olhar, mas tu és linda de matar, que bom que foi te ver, a melhor coisa que naquele momento me podia acontecer. 
-Está na hora de ir.
-Não! Eu não quero mais partir!
-Mas tem que ser, não podemos mais esperar.
-Eu quero ficar parado no tempo para lhe olhar.
-Lamento mas é impossível.
-Então eu torno-o possível!
-Esta tua atitude já era previsível... Lamento, temos mesmo que partir.
-Não! Deixa-me ficar para sempre nesta memória, já que a minha vida no presente é uma merda de história. 
-Desculpa...
E voltámos ao presente, não, nada estava diferente. O ódio que ela me tem permanece, algo que não desaparece, algo que nem o tempo pode mudar, algo que irá sempre ficar. Quem me dera agora o futuro saber, o quê e quando irá acontecer, ou se alguma vez se irá suceder. 
Mesmo depois de tanto mal continuo ainda a achar que és especial, meu amor, embora queiras ou não, estarás para sempre no meu coração. Lamento termos acabado e nem um beijo a serio termos dado.
Se algo eu fizer, é o que tenho que fazer, mas, juro e prometo, que nunca te irei esquecer.

Desculpa. Amo-te para sempre.