sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Momento



Há alturas em que damos por nós e declara-mo-nos uns loucos por existir,  alturas em que queremos dar espaço à loucura total e por vezes esquecê-mo-nos realmente do que é mais importante. Não damos valor ao que realmente interessa, ao que realmente importa, até nos apercebermos que deixámos de ter controlo nos nossos actos e sentimos que algo está errado, algo está diferente. Parece que tanto mudou quando na realidade apenas se alterou aquilo que a que no momento nos parecia "nada" mas que acabou por se revelar como um "tudo". Algo que sem darmos conta alterou de certa forma a nossa vida, revelou-se fundamental para o nosso crescimento, para a nossa evolução como seres humanos, algo que nos moldou e contribuiu para aquilo em que nos tornámos e que somos hoje. Que nos ajudou a escolher entre o certo e o errado, entre que é bom e mau, o que devemos ou não fazer. 
Tudo nos passa ao lado de forma tão indiferente, coisas a que no momento chamamos de insignificantes, coisas que não nos atingem ou que por vezes até nos desviamos para não levar com elas, não nos afectam, não provocam qualquer tipo de efeito em nós próprios. Até que um dia mais tarde sentimos falta e queremos voltar atrás, mas não podemos. A vida não deveria ser pensada em base de segundas oportunidades, essas não deviam sequer de existir, devia sim haver tempo. Tempo para pensar em todas as possibilidades e consequências das tais antes de fazermos uma escolha que nos possa vir a bloquear outras saídas, outras opções, outros modos de poder fazer cada acção. Desta forma não nos poderíamos queixar de não ter pensado correctamente, ou de não termos tempo para tal.
 Isto tudo para prevenir que um dia mais tarde o nosso coração abra portas ao arrependimento, à magoa e à tristeza que se instala tremendamente e que ás vezes nos bate à porta. Está sempre lá para nos recordar de como seria se tivéssemos optado por outra escolha, tivéssemos escolhido um outro caminho, se, mas se por um momento soubéssemos o que iria acontecer no futuro e tivéssemos tido apenas mais um segundo para repensar tudo aquilo que estávamos decididos a seguir. Então todos os dias nos torturamos por isso, pelo facto de existirmos e nunca fazermos nada daquilo que achamos correcto, vivemos com base em magoas e arrependimentos do passado, coisas que não nos orgulhamos ou que simplesmente não conseguimos deixar para trás e de certa forma nos consomem interiormente até que um dia desistimos e deixamos de lutar mais.
Toda a nossa vida é feita com base naquilo a que chamamos de "momento", é por isso que devemos viver intensamente aquele segundo, sentir cada sensação, sentir a explosão se sentimentos que ali se encontram, porque um dia tudo isso pode deixar de existir e não passar de simples recordações que foram levadas pelo vento e recolhidas por nós um dia mais tarde, que juntando todos os pedaços nos dão uma mínima noção, uma vaga imagem, do quão bom aquele momento era.